terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Balanço Movimento Nacional pela Leitura 2009


O ano de 2009 chega ao fim, mas as atividades que realizamos nesse período estão longe de terminar. A cada dia crescem mais e servirão de alimento para que 2010 seja mais um ano de muito movimento. Em 2009, o Movimento Nacional pela Leitura obteve grandes conquistas, como a criação do Dia Nacional da Leitura em 12 de outubro. Esse dia existe desde 2008, depois de uma grande campanha iniciada em 2006, quando a formação de uma rede de parceiros a partir de São Paulo e a criação do Dia Estadual da Leitura, por meio da Lei nº 12.876, colaboraram com o Instituto Ecofuturo para sensibilizar a sociedade sobre a importância de ler com e para as crianças. Em 2009, o presidente Lula assina a Lei nº 11.899, instituindo o Dia Nacional da Leitura, juntamente com a Semana Nacional da Leitura e da Literatura.


Em função do Dia e da Semana da Leitura e da Literatura (de 12 a 16 de outubro), as 33 organizações parceiras do Instituto Ecofuturo realizaram cerca de 140 atividades em polos culturais Brasil adentro, durante todo o mês.

Para coroar o ano, tivemos o Seminário do Dia e Semana Nacional da Leitura e Literatura, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, promovendo a projeção de temas urgentes e relevantes que envolvem a causa da leitura no Brasil. As atividades in loco de leitura aconteceram em dez Estados brasileiros, envolvendo cerca de 70 cidades e 7 mil pessoas. As comunidades ligadas às Bibliotecas Comunitárias Ler é Preciso promoveram cerca de 60 ações de leitura – mas as ações de disseminação de conteúdo e divulgação da data via internet atingiram cerca de 3 milhões de pessoas, confirmando o quanto é possível alcançar quando se age em rede, mobilizando parceiros e multiplicando informações.

Chegar até onde chegamos merece comemoração, pois o bom caminhante não despreza seu percurso, mesmo ciente do longo trajeto que ainda tem pela frente. Assim nos sentimos: gratificados pelo que conquistamos e, ao mesmo tempo, confiantes que teremos muito mais o que contar no final de 2010.
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Sua presença nesta rede nacional pela leitura colabora muitíssimo para esta certeza!


Parceiros do Ecofuturo na campanha:

Alfabetização Solidária

Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil

Associação Nacional de Jornais

Bem-Vindo

Blog do Ziraldo

Campanha Nacional pelo Direito à Educação

Casa de Livros

CDI

Editora Girafinha

Editora Globo

Editora Moderna

Educarede

FECAP

FNAC

Fundação Dixtal

Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil

Gol de Letra

Instituto C&A

Mobilizadores COEP – Rede de Incentivo à Prática Social

Movimento por um Brasil Literário

OEI

Pastoral da Criança

Portal Amigos do Livro – Grupo Scortecci

Rede Andi

Rede Educare – Ecotecas

Rede Globo

Revista Educação

Revista Escola Pública

Revista Língua Portuguesa

Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo

Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de São Paulo

Todos pela Educação

União Brasileira de Escritores

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Relembrando "O Menino Azul" (meditemos nele)

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O Menino Azul

O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.
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O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
— de tudo o que aparecer.
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O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.
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E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.
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(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)
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(Cécília Meireles, Ou Isto ou Aquilo)
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Quantos não leram na infância e releram, depois de adultos, este livro lançado há 45 anos! Hoje, responsáveis pelas crianças, dialoguemos com os meninos azuis, que ainda não aprenderam a brincar de ler...
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I Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade

Veja o resultado do Prêmio! Saiba quem são, de onde são e o que fizeram os professores premiados. Baixe o livro Saber Cuidar, contendo essas informações e os projetos na íntegra! Clique.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Mona Dorf entrevista Luiz Alberto Mendes


O escritor e colunista Luiz Alberto Mendes descobriu os livros quando cumpria pena de mais de 30 anos de prisão. Foi consultor do Instituto Ecofuturo para a implementação de uma biblioteca na Penitenciária de Bauru II, da qual já falamos AQUI. Entrevista concedida à jornalista Mona Dorf - programa Letras e Leituras da Rádio Eldorado.



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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Livro de Cristóvão Tezza é proibido em escolas catarinenses




Matéria completa, com um dos "trechos polêmicos" do livro, veja AQUI.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Prefeitura de Aguaí é pioneira no Dia Municipal da Leitura

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Em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo, realizamos um movimento em todas as prefeituras do estado, incentivando prefeitos a assinarem o Compromisso Prefeito Amigo da Leitura e da Biblioteca. O retorno foi de 18 documentos assinados.
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Indo além da assinatura do Compromisso, a Prefeitura de Aguaí nos enviou hoje um informativo de que o Prefeito, Dr Gutemberg Adrian Oliveira, instituiu no município o Dia Municipal da Leitura a ser comemorado anualmente em 12 de outubro. Esta é a primeira iniciativa em âmbito municipal.
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Incentive também a sua comunidade! Acesse o termo de compromisso Prefeito Amigo da Biblioteca.

Ler para crianças não é a mesma coisa que contar histórias para crianças *

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Ler para crianças pequenas (bebês e até barrigas de qualquer idade estão incluídos) não é a mesma coisa que contar histórias para as crianças. São atividades muito diferentes e muito importantes em suas diferenças.
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CONTAR é isto: você pode contar histórias que aconteceram com você, com seus amigos e familiares, coisas que você ouviu outras pessoas contarem, “casos” que são contados por seu avô e o avô de seu avô... De boca em boca, coisas que fazem parte do que chamamos de Tradição Oral. Você pode inventar histórias alegres, tristes e engraçadas, ou pode recontar famosas histórias infantis como o O Chapeuzinho Vermelho e Os Três Porquinhos. E com certeza cada um conta um pouquinho diferente. Ou, ainda, você pode montar uma história com as crianças, tornando a criação uma atividade interativa. Toda essa variedade de formas de contar histórias pode ser praticada com total liberdade na sua expressão vocal, facial e corporal. Você pode usar músicas, desenhos, roupas e qualquer acessório que quiser para dar um colorido especial para suas histórias. Certamente, você já notou que algumas pessoas têm mais facilidade que outras para contar histórias...
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LER é outra coisa: ler em voz alta é servir como ponte entre o livro e a criança. Como a pessoa que lê fica no meio entre dois elementos – o livro e o ouvinte –, muitas vezes chamamos o "ledor" de mediador, exatamente para diferenciá-lo do contador de histórias. Ao ler, é preciso ser fiel ao texto escrito. Não dá para mudar as palavras. Isso não significa que sua leitura deva ser monótona e sem cor. As variações na sua voz, o ritmo da leitura, com sons e silêncios, vão dar cor e temperatura à leitura, fazendo com que o livro fique vivo.
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* Este texto de Lucila Pastorello (intitulado, na verdade, "Por que sim não é resposta: 7 bons motivos para ler para crianças pequenas"), cujos outros trechos já postamos AQUI, intregra o livro A vida que a gente quer depende do que a gente faz, do Instituto Ecofuturo. A versão impressa está esgotada, mas você pode baixá-lo gratuitamente AQUI.

Ser alfabetizado é diferente de se leitor *


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Para ler um texto qualquer, é preciso que você domine a técnica de “decifrar” as letras e palavras — e isso depende de um aprendizado que, normalmente, acontece na escola: a alfabetização. Mas ser alfabetizado não é o mesmo que ser leitor. A leitura é o aprendizado de uma técnica, sim, mas é muito mais que isso. Ler é também uma prática social, um modo de estar no mundo. Quando lemos qualquer coisa, não estamos apenas decifrando as letras, mas atribuindo sentido àquilo que está escrito. E cada um lê à sua maneira, pois somos seres singulares.
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Tornar-se leitor depende das relações que estabelecemos com o escrito. Como, quando, onde, por que e para que usamos nossa leitura. Quanto mais lermos coisas diferentes em situações diferentes, melhores leitores nos tornamos. Mais “letrados” nos tornamos. Assim é fácil perceber que não é da noite para o dia que viramos leitores.
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* Este texto de Lucila Pastorello (intitulado, na verdade, "Por que sim não é resposta: 7 bons motivos para ler para crianças pequenas"), cujos outros trechos já postamos AQUI, intregra o livro A vida que a gente quer depende do que a gente faz, do Instituto Ecofuturo. A Versão impressa está esgotada, mas você pode baixá-lo gratuitamente AQUI.
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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Pela integração do hábito de ler a todos os setores de cuidados da infância

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Após ampla campanha iniciada em 2006 pelo Instituto Ecofuturo, idealizada em parceira com a educadora Maria Betânia Ferreira, que contribuiu para a vinda ao Brasil da "La Voie des Livres", Organização Francesa que formou vários leitores públicos em São Paulo e Pernambuco, e com a adesão de parcerias especiais, se instituiu em 2009 o dia 12 de outubro como o Dia Nacional da Leitura.
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A data, coincidindo com o Dia das Crianças, se torna ponto de convergência para as diversas mobilizações pela conscientização da sociedade sobre o hábito de ler junto ao público infantil.
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Brincar de Ler foi o mote da Campanha, articulado a uma produção criteriosa de materiais de apoio a pais e educadores, como o Passaporte da Leitura Brincar de Ler, ao lançamento do Manifesto Prefeito Amigo da Leitura e à formação de 150 educadores pela especialista em leitura Lucila Pastorello.
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Comemorado pela primeira vez este ano, o Dia Nacional da Leitura, através de ações de nossos parceiros, consiste num marco da promoção da leitura como fator indissociável do desenvolvimento integral das crianças.
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Assim, tivemos pela primeira vez, em âmbito nacional, uma mobilização pelo hábito de ler integrada a todos os setores de cuidados da infância. Pais, professores, profissionais de bibliotecas, agentes comunitários de saúde, pediatras, empresários e a sociedade em geral. Todos refletindo sobre o seu papel como promotor de leitura em seus respectivos postos.
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Todos conscientes de que cuidar de criança é, também, brincar de ler!
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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Entenda melhor como participar do Movimento pela Leitura



O que você tem a dizer só pode ser dito por você. Do que você e sua comunidade precisam para ter mais acesso aos livros? Faça parte da Comunidade da Leitura e deixe aqui o seu recado!
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● Apenas um em cada quatro estudantes frequenta bibliotecas públicas municipais.
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● 73% dos brasileiros não vão a bibliotecas.
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● 362 municípios do País ainda não possuem nenhuma biblioteca pública.
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O que é preciso para que seus alunos e sua cidade tenham mais acesso aos livros?
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Respostas do Brasil inteiro serão enviadas ao Senado Federal – e o recado de sua comunidade não pode ficar de fora! É pelas mãos de um professor que a maioria das crianças brasileiras tem acesso ao primeiro livro.
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Desenhamos um grande encontro de vozes, a serem reunidas em um texto coletivo que enviaremos aos órgãos públicos como um manifesto por mais bibliotecas públicas, escolares e comunitárias, além de ações de leitura.
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Participe desta nova etapa do movimento, iniciado em 2006 e que culminou com a criação do Dia Nacional da Leitura em 2009, celebrado no Dia da Criança, 12 de outubro, e a realização do 1º. Seminário sobre Leitura e Literatura no Senado Federal.
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A palavra é sua e o texto será de todos!
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(Textos, imagens, dúvidas e sugestões podem ser enviados ao moderador: ecoleitura@gmail.com )

A menina que ganhou um rio (Manoel de Barros) *

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Minha mãe me deu um rio.
Era dia do meu aniversário e ela não sabia o que me presentear.
Fazia tempo que o mascate não passava naquele lugar esquecido.
Se o mascate passasse a minha mãe compraria alguma rapadura
ou bolachinhas para me presentear.
Mas, como não passava o mascate, minha mãe me deu um rio.
Era o mesmo rio que passava atrás de nossa casa.
Eu estimei o presente mais do que fosse uma rapadura do mascate.
Meu irmão ficou sentido porque ele gostava do rio igual aos outros.
A mãe prometeu que no aniversário do meu irmão ela iria dar uma
árvore para ele.
Uma árvore que fosse coberta de pássaros.
Eu bem ouvi a promessa que a mãe fizera para meu irmão.
E achei legal.
Os pássaros ficariam durante o dia nas margens do meu rio,
e à noite eles iriam dormir na árvore do meu irmão.
Meu irmão me provocava assim: minha árvore
dava flores lindas em setembro
e o seu rio nunca dá flores.
Mas eu gozava que a árvore dele não dava peixes.
E na verdade o que nos unia de verdade eram
os banhos no rio nus entre pássaros!
Nesse ponto a nossa vida era um afago.



Este poema de Manoel de Barros intregra o livro A vida que a gente quer depende do que a gente faz, do Instituto Ecofuturo. A Versão impressa está esgotada, mas você pode baixá-lo gratuitamente AQUI.

Apenas 0,5% do orçamento familiar é destinado à leitura. Famílias brasileiras gastam mais com telefonia celular do que com livros

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A palavra é jovem: o que os estudantes andam dizendo (I)

Quando cursava o ensino médio, na E. E. Professora Cynira Pires dos Santos, em São Bernardo do Campo (SP), Filipe Nério de Oliveira participou de um projeto de incentivo à leitura. Em 2007, foi desafiado, no mesmo projeto, a ler em grupo o monumental Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. De lá para cá, o jovem, agora um dedicado universitário, que também trabalha como mediador de leitura, não para de ler e escrever. Abaixo, a surpresa de um texto (resumido) que ele nos mandou por e-mail, contribuindo para nossas histórias de leitura.
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O Transeunte dos Gerais - Memórias e questões sobre Grande Sertão: Veredas
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Certa vez, fiz-me de transeunte nos descontornos da vereda humana. De tudo se encontra nesses lugares: caminhosinhos. O senhor sabe. É diabo no meio do redemoinho. O menino Jesus debaixo de uns couros de cabra. Coisisses...
Às vezes me pego no pensar, dentro de meus esmos... É sertão senhor. O misturado, o vertido, o dentro e o fora. Contradição não há.
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Há de! Que questão é essa de sofrer de se pagar pecado por maldade mal resolvida? E se sofrimento é negócio tratado de cordeiro, por que é que ele sai andando sertão a fora com os pés sobre os cascos? O senhor tolere. Isso é sertão. É diabo na rua, sofrendo feito gente. O senhor vê? Até cordeiro é acusado de acusações. Mas o diabo, capiroto, o que o diga, não escapole de acusação não. A gente é querente, quer justiça.
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Nesse sertão, vida de gente vai muito mais além desses errados e certos. Mas a morte pede da gente alguma certezasinha. A gente se coloca a pensar nas coisas todas, de perguntar a esmos e mesmos, passados a trinta léguas de distâncias da vereda d’ hoje.
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Donde é que vem tanta bondade e ruindade?
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Onde é que agente pisa?
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A gente cá pensando... Se ser tivesse sido, paraíso seria. Se ser não sesse, então haveria de ser sertão. Então, a gente sendo o não sendo, não seria mais como se sesse? Ai de! Mas aí nem Deus, nem diabo é. Digo: não estou descrendo da palavra do Senhor! O senhor me conhece e sabe disso. É só duvida de Jagunçagem. Aquelas águas passadas... Vida minha ao Senhor pertence!
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Compadre meu Quelemém me sugere: Sertão é existir o de dentro. Gente forasteira, de cidades há de dizer o que eu disse – “O sertão é o nada a muitos quilômetros de distância” – Lá nada existe, nada vezes. Agora, aqui com o senhor estou sendo e vendo – O sertão é o nosso existir. O O Sertão é pulsante. Ser Tão. O senhor percebe? Na verdade se acanha no medo de se afogar dentro do si mesmo... Nosso Urucuia de dentro da gente.
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Quem é pai de homem humano sabe: Se a gente humana amar, a gente acaba por acordar Deus, e então haveria de ser bondoso no trilhar de veredas. A gente não escolhe. A gente só convive com essas coisas-confusas. O sertão é essa fome. O sertão tem fome de tudo. E de repudiar profundo esse sentimento que atravessa a gente feito quicé. Daí, Deus e diabo almejam mira na gente. Viajam dentro de nós, tentando por demais matar a fome que passaram a sentir. O senhor sabe. A gente tem um fruto. Aquele de buriti.
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Essa morte sertaneja vem "aridando" os meus esmos. Quem é que salva a gente? Lembrei de olhares, um era especial. O das folhudas pestanas... O senhor recorda? Diadorim. O confuso deixava de ser confuso, as coisas voltam as suas levezas, de dor não carecia mais. O peso de ser, as araras coloridas na lagoa suçuarana. A existência de ser, os buritis à beira do São Francisco. Diadorim me fez Buriti. Na meia estação, meus frutos mergulham profundamente naquele rio da travessia. Me fiz retorno no contar. Cavei raízes. Deixei meus frutos a navegar no rio que partiu minha vida em dois extremos. O diabo na rua. Deus em tudo.
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(Quer publicar aqui o que seus alunos - de todas as idades - andam dizendo? Envie para nós: ecoleitura@gmail.com)
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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Memórias da Literatura Infanto-juvenil: Especial Monteiro Lobato

O Museu da Pessoa criou o site Memórias da Litertura Infantil e Juvenil, reunindo histórias de 43 pessoas importantes para este gênero literário. No vídeo abaixo, quatro escritores homenageiam o mestre Monteiro Lobato.
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"O que ele abriu na minha cabeça foi a possibilidade de crianças tomarem conta do mundo”.
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(Luiz Antônio Aguiar)
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"Quando li Reinações de Narizinho, minha orelha ficava vermelha, de tanto que eu me entusiasmava com aquele livro!"
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(Marilda Castanha)
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"As crianças dele não eram boazinhas: elas ousavam! E os adultos iam atrás".
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(Pedro Bandeira)
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"Quando eu pego esses volumes [da coleção completa de Lobato], eles vêm com o cheiro da minha casa, com o cheiro da minha infância".
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(Fanny Abramovich)

O escritor e ilustrador Odilon Moraes explica a relação entre imagem e palavra nos livros infantis

Maria Irene Maluf dá dicas para estimular a leitura

Fernando Pessoa, entre livros e leitores *

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Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada.
Estudar é nada
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
nem consta que tivesse biblioteca...
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(Alberto Caeiro - heterônimo de Fernando Pessoa)
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O texto pega: onde já se viu um poema que diz que é bom não cumprir os deveres, que pode não ler o livro que a escola mandou e que ler é mesmo muito chato?

Por se tratar de um poema tão surpreendente, talvez seja interessante pôr em prática, a propósito dele, nossa liberdade máxima de leitores.
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Nossa liberdade de leitores nos permite entender literalmente o poema Liberdade, isto é, tomá-lo ao pé da letra, acreditando que ele diz exatamente o que está escrito.
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Mas nossa liberdade de leitores também nos permite entender o texto de outra forma, supondo que o poema pode ter um segundo sentido, que, nas suas entrelinhas, desmancha seu sentido literal. Podemos imaginar um poeta malicioso, que critica livros, escola e estudo como simples estratégia. E o resultado dessa estratégia pode ser levar seus leitores — talvez estranhando o que o poeta diz — a pensarem melhor no assunto.

O que é que você pensa sobre o assunto? Eu, por mim, fico com os dois sentidos.

Gosto de pensar que quem não gosta de ler, quem acha que ler é das coisas mais chatas do mundo, tem direito a essa sua opinião, tem direito de fechar os livros — este, por exemplo — e ir ao mundo, cuidar da vida. Mas, outras vezes, também gosto de pensar que a ironia é uma faculdade humana muito fina, e que, muitas vezes, os poemas, dizendo talvez o contrário do que parecem dizer, deixam aos leitores a gratificante sensação de serem autores do texto que lêem, na medida em que constroem significados para eles.

Você, por exemplo. Que significado você constrói para este texto?
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* Este texto de Marisa Lajolo (aqui reduzido) intregra o livro A vida que a gente quer depende do que a gente faz, do Instituto Ecofuturo. A Versão impressa está esgotada, mas você pode baixá-lo gratuitamente AQUI.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Por um Brasil Literário

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O escritor e poeta Bartolomeu Campos Queirós lê o Manifesto por um Brasil Literário e fala do direito à literatura.
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"Se existe o novo, é porque ele foi fantasiado anteriormente. Então, nós devemos à fantasia todo o desenvolvimento do mundo. A literatura é importante para que a educação se confirme, também, como o lugar da transformação, e não apenas como o lugar da informação".

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Saiba mais sobre o Movimento por um Brasil Literário e leia na íntegra o Manifesto.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Ler devia ser proibido

Relembrando o vídeo baseado no texto homônimo de Guiomar de Grammon. E que resultou no blog www.lerdeviaserproibido.com.br

Crianças e adolescentes são os que mais lêem no Brasil

Porque sim não é resposta: 7 bons motivos para ler para crianças pequenas *

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1) Ouvir alguém ler ajuda o desenvolvimento da linguagem falada.
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Na leitura, oferecemos a linguagem. A criança ouve palavras novas e maneiras ainda não experimentadas de falar, de colocar as palavras em relação. Sons e imagens do livro ocupam espaços que a criança não poderia experimentar sozinha ou nas relações cotidianas. O livro abre uma porta para novas possibilidades de língua e linguagem.
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2) Ler para crianças pequenas facilita a aprendizagem da escrita.
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Se a criança que ouve alguém ler pode aprender mais sobre como falar, com certeza pode também aprender muito sobre a própria leitura e escrita. A cada nova leitura, bebês de qualquer idade e crianças bem pequenas descobrem mais sobre as relações entre a palavra que sai da boca de quem lê, as letras no papel e a imagem das páginas que são lidas.
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3) A leitura compartilhada fortalece os laços entre pais e filhos, entre quem lê e quem recebe a leitura.
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Há alguém que ouve e que fica atento para ouvir o livro lido pelo outro. Há alguém que lê e que usa sua mente e corpo para ser uma ponte para o livro.
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Estamos falando de relação entre pessoas que, além de compartilharem o momento, passam juntas pelas emoções, aflições, alegrias e surpresas que o livro vai revelando.
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4) O contato com diferentes textos dinamiza emoções e contribui para o desenvolvimento emocional das crianças.
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O livro permite que se viva, pois deixar emocionar-se é estar vivo. As crianças em geral pedem que se leia várias vezes o mesmo livro. Em cada audição, nova leitura, elas podem exercitar-se na percepção e controle das emoções, na previsão dos caminhos narrativos, na certeza do mesmo fim. A cada nova leitura enxergamos diferentes soluções, um detalhe desapercebido aqui, uma novidade acolá. Ler de novo nunca é ler a mesma coisa.
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5) O contato com os livros estimula a curiosidade, a criatividade, o interesse em conhecer novos livros e o mundo.
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A criança que é introduzida no mundo letrado com livros cuidados, de boa qualidade, sem que se tente usar os livros como instrumentos de padronização e controle, pode ver o livro como fonte criativa, possibilidade de transformação. A criança que gosta de ouvir os livros tem sede de livros.
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6) Ler para crianças pode ser uma atividade relaxante para quem lê e um momento para conhecer melhor sua voz e seu corpo.
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A leitura é um gesto: uma ação dirigida a outro. Quem lê usa seus olhos, seu cérebro, seus pulmões, sua laringe, sua boca e também o resto do corpo. Se ler é prazer, deixe que o livro leve seu corpo, que as palavra entrem e saiam de você. Saboreie as letras.
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Leia muitas vezes o mesmo texto, sozinho e acompanhado.
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Grave sua leitura. Ouça a gravação e anote suas impressões.
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Procure assinar sua leitura. Deixar sua marca, sem caricaturas ou "fazer tipo".
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Mude sua posição, se for necessário. Perceba e elimine incômodos e tensões no seu corpo que possam atrapalhar.
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Finalmente, ajuste sua voz, para não se cansar e poder modular com facilidade.
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Respire sempre sem esforço e sem dificuldade.
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Você vai ver como o livro pode fazer bem ao seu corpo!!!
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7) A leitura de bons livros é interessante e contribui para o desenvolvimento cultural também dos adultos.
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Livros para crianças só servem para crianças?
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Determinar uma idade-limite para um livro é diminuir a sua possibilidade de sempre ter um significado, e de modo diferente. É certo que existem temas e linguagens mais ou menos interessantes para crianças de diferentes idades. Mas quem estabelece idades para um livro são as escolas e as editoras - não os autores dos livros.
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Agora, uma última pergunta: Um adulto sabe tudo? Claro que não, e ler livro de criança é coisa de gente grande também. Veja estes trechos:
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Chegou no igapó, onde encontrou um pescador desconhecido que tinha a seu lado um grande cesto trançado, cheio de peixes. Ele estava usando o timbó, aquele cipó que solta um líquido que deixa a água branca e os peixes tontos, fáceis de pegar.
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(Trecho de O menino e o jacaré, de Maté)
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Para a Índia a vovó ia viajar:
- O que você quer ganhar?
- Uma coisa diferente: curry e arroz bem quente, ao som da cítara envolvente.
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(Trecho de Lembrancinhas, de Jo Ellen Bogart e Barbara Reid)
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* Este texto de Lucila Pastorello (que aqui resumimos) intregra o livro A vida que a gente quer depende do que a gente faz, do Instituto Ecofuturo. A Versão impressa está esgotada, mas você pode baixá-lo gratuitamente AQUI.
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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Novas mídias a serviço da leitura

Por todo o mês do Dia Nacional da Leitura, o Canal Futura levou ao ar a série "Ver para ler", com reportagens diárias sobre o tema. Abaixo, uma delas, sobre a aproximação dos livros via Internet. Destaque para o site O Livreiro, que já conta com mais de 30.000 membros.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A Leitura inspira as crianças: uma bela campanha pela aquisição de livros no Canadá

Poesia no Metrô

Estreou dia 20/10, na Linha 2-Verde, o projeto "Poesia no Metrô", em São Paulo. No sarau de abertura, que aconteceu na estação Vila Madalena, foram declamados diversos autores por poetas renomados, como Cláudio Willer e Frederico Barbosa. Durante três meses, quem passar pelas estações daquela linha pode se deparar com poemas adesivados nas paredes, em tamanho grande.
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Sem dúvida, uma grande iniciativa a favor da leitura, além de uma retomada do espaço público como um local de encontros e da diversidade.
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A dúvida que fica é se, no ritmo dinâmico das estações (vertiginoso até, em determinados horários), é possível fruir adequadamente de um poema tão introspectivo como os de Mário de Sá-Carneiro, por exemplo:
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Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.
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Independente até da questão introspectiva, o silêncio adequado à musicalidade do poema, a suspensão do tempo e mesmo a solidão (que independe se o espaço é público ou não, em se tratando de leitura) são fatores que devem ser considerados.
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Seja como for, a proposta, cuja segunda etapa está prevista para janeiro de 2010, tem condições de superar o risco de ser algo meramente decorativo: no próximo ano, serão implementados espaços fixos para exposição de poemas dentro das estações.
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Torçamos para que seja parte da mesma proposta implementar estratégias que atraiam novos leitores - afinal, os 21 autores selecionados dificilmente não serão conhecidos por quem já cultiva a leitura como hábito.
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Em tempo: por que não utilizar sua publicação "própria", o Destak (detido pelo Metrô News - que por sua vez não pertence ao Metrô, mas à Folha Metropolitana), cuja tiragem aumentará para 135 mil exemplares, para difundir e incentivar a leitura literária?
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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Bando da Leitura

Hospitalidade e leitura: o belíssimo exemplo de uma professora que transformou a própria casa numa biblioteca!